quarta-feira, 8 de julho de 2009

Viva a Terrinha!


Se tem algo que acho que é uma das melhores coisas da vida é ser surpreendido positivamente, claro. Lisboa, certamente, foi um grande achado desta ousada viagem.

Já no avião senti o cheiro de minha Vó Cida na senhora sentada ao meu lado. Um cheiro de naftalina misturado a uma lavanda bem levinha. Lembrei-me de seu jeitinho de portuguesa e do bife batido à exaustão desde as 6 da manhã. Senti uma imensa saudade dela e da minha infância, como nunca havia sentido anteriormente.

Chego ao hotel e Eliza já me esperava de braços abertos com o Pedro, amigo delas de anos – sem nunca terem se visto, adorei fazer parte do encontro de vocês! -. Passeamos pelo famoso Bairro Alto, movimentadíssimo, cheio de cores e bons vinhos. O Bairro Alto fica no alto de uma colina e é todo de estreitas ruazinhas e charmosos e familiares restaurantes e bares.

Sexta foi dia de conhecer as bandas das ruínas do Castelo de São Jorge. Começamos pelo passeio na Rua Augusta, uma rua apenas de comércio e pedestres e lá na ponta, atravessando um imenso arco, a espetacular Praça do Comércio, área que abrigou o Palácio Real por 400 anos, antes instalado no Castelo de São Jorge que foi quase que absolutamente destruído no imenso terremoto ocorrido em Portugal em 1755, que destruiu quase que totalmente a parte baixa da cidade de Lisboa.

Hoje, os prédios abrigam escritórios administrativos. Esta Praça era a melhor porta de entrada para Lisboa, utilizada pela realeza e embaixadores, com uma escadaria de mármore saindo do Rio Tejo. Foi aqui também que aconteceu o primeiro levante para a Revolução dos Cravos em 1974, que pôs fim ao governo de Marcelo Caetano, sucesso do ditador Salazar.

Morro acima, sentido o bairro de Alfama, passamos pela Catedral da Sé, a deles, construída em 1150, com uma imponente fachada românica. E a subida não acabava nunca. Paramos para uma coca e, sem querer, escutamos um fado ao vivo. A subida continuava até que as ruínas do Castelo foram avistadas. A vista de lá é incrível. É possível ver a parte antiga e a parte mais moderna da cidade. Maravilhoso ver o Rio Tejo lá de cima!!

Como sempre, a descida é bem mais fácil e, seguindo as dicas da mãe da Liza, descemos pelas escadarias do bairro de Alfama onde, de fato, a “velha Lisboa insiste em virar o século 21 imutável”. O tempo, certamente, passa muito mais devagar por ali.

Já de volta para o Bairro da Baixa subimos pelo elevador de Santa Justa até o Bairro Alto a apenas alguns passos da Praça Luiz de Camões, onde encontra-se um dos mais antigos cafés de Lisboa, o A Brasileira, onde tomei um café ao lado de uma estátua de Fernando Pessoa – incrível! -.

Dia seguinte foi dia de Belém. De comboio chegamos aos pés da Torre de Belém. Ah como é incrível se ver naquele lugar, de onde partiam os navegadores que saiam em busca de novas rotas comerciais para o Oriente. Ali pertinho fica o Monumento aos Descobrimentos, às margens do Rio Tejo, construído em 1960 para celebrar os 500 anos da morte de Henrique, o Navegador, e em frente ao monumento uma grande bússola desenhada no chão com um mapa central no qual estão traçadas as rotas dos descobrimentos dos séculos 15 e 16.

Mais à frente, o Mosteiro de Jerônimos. Meu Deus! Certamente este é um dos lugares mais lindos que já vi em minha vida. Por fora é um deslumbre, por dentro, de arrepiar o corpo todo. A Igreja já é de quase chorar, mas o restante do Mosteiro é de tirar o fôlego. Vejo-me, em dado momento, em frente a um túmulo que me roubou lágrimas como se fosse de um velho e bom conhecido: Fernando Pessoa “está ali”. Assim como Vasco da Gama, Alexandre Herculano e reis.

Depois de tudo isso, merecíamos um verdadeiro Pastel de Belém, o lugar que deu nome àquele famoso docinho que comemos no Brasil sempre com este nome, mas que na verdade chama-se Pastel de Nata. É de comer rezando, posso garantir!

Liza foi-se embora no domingo de manhã – obrigada por tudo, querida! – e eu aproveitei para conhecer a cidade de Sintra. O tempo já não estava muito bom, muita neblina e até mesmo uma leve chuvinha, mas tinha que aproveitar o último dia. A cidade é uma graça e por lá, visitei o Palácio de Pena, onde viveram os últimos reis de Portugal, conservado absolutamente mobiliado, e o Castelo dos Mouros, datado do século oito, um lugar realmente surpreendente por sua grandiosidade e beleza.

Fascinante conhecer estes lugares tão ligados, apesar de todos os pesares, à história de nosso país. Fascinante conhecer a terra do impressionante Fernando Pessoa e do meu amado José Saramago. A gente acaba até se sentindo meio em casa. Aflorou minha sensibilidade e a minha fome por literatura.

Ufa. Sigo em frente em mais algumas semanas em terras londrinas! Mind the gap!

Beijo grande

4 comentários:

  1. Amiga, que delícia! Portugal deve ser muito bonito mesmo. Minha vó também é daí, mas ela morava um tantão longe de Lisboa. Ela é da Ilha da Madeira, principal ilha do arquipélago português.
    Menina....logo você estará de volta, né?
    Bjks e saudades,

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  2. Não resisti ao comentário qdo imaginei vc naquele Mosteiro tão maravilho que emocionou igualmente. Ou então comendo os maravilhosos pastéis que de fato são de comer rezando.
    Que deliciaaaaaaaaaaaaaa
    Bjos mil e com mtas saudades!!!
    Li

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  3. Minha irmã querida!!!!!!!!!!!muitas muitas saudades!!!!!bela surpresa portugal!!!vovó Cida com certeza está feliz da vida lá no céu!!!!volta logo e paroveita tudo!!!!
    bjs
    amo sempre

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  4. Oi, Cá, me fez lembrar de como minhas férias foram boas e inesquecíveis. Foi bom relembrar essas delícias todas com seu post. Amei!
    bjos

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