quinta-feira, 23 de julho de 2009

London, London


Última semana. É isso, minha temporada por aqui está se acabando. Já começo a passar pelos lugares que mais gosto cheia de saudade. Talvez este seja, de fato, meu último post contando sobre lugares novos visitados, pois última semana é sempre diferente. “Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar”...

Sim, fui à estréia de Harry Potter em sua terra natal. Ah, que delícia que é fazer esse tipo de coisa! Lógico, o filme nunca é tão bom quanto o livro e este, especialmente, me decepcionou bastante, mas é sempre demais ver uma partida de Quadribol, os quadros se mexendo... Tão suave, tão juvenil, tão... hum... Mágico!

Confesso, acabei passando uma tarde inteira e uma noite no Victoria and Albert Museum, afinal, segundo meu guia, são cerca de 11km de museu! Este lugar é incrível! Uma coleção absurda de artes decorativas de todo o mundo. Esculturas, moda, casa, jóias, fotografia... Um turbilhão de cores, estampas e história, muita história deste mundão de “meu deus”.

Sabadão fui ao Museum of London que havia lido que já estaria completamente aberto ao público neste verão, mas infelizmente apenas parte dele estava aberta, a que conta sobre os primeiros séculos da formação da cidade, que já por isso valeu a chegada até lá.

Depois foi a vez da região do Regent’s Park, um dos gigantescos parques de Londres que abriga os Queen Mary’s Gardens, jardins lindíssimos, absolutamente floridos que atraem muita gente para fazer piqueniques aos finais de semana e noivas e mais noivas para tirarem fotos – já na entrada contei 4 noivas com seus respectivos padrinhos e madrinhas! -.

No domingo acordei cedo e fui para Cambridge. Engraçado que quando está chegando a hora de ir embora a gente quer observar tudo, não perder nada, e na viagem de ida e de volta não consegui dormir um minuto, só observando a estrada, as diferentes paisagens e arquiteturas.

Cambridge é uma cidadezinha “inha” mesmo. Pequena, aconchegante e encantadora. Acredito eu que tudo gira em função da Cambridge University, com suas 31 faculdades. A Universidade dali nasceu depois do desentendimento de um grupo de religiosos com a Universidade de Oxford, em 1209, que acabou por escolher a cidade de Cambridge, às margens do Rio Cam, para uma nova fundação.

As faculdades são enormes, com aquela arquitetura monumental de séculos atrás, “cheiro” de muita história, repletas de verde e a maioria delas abriga jardins à beira do Rio Cam, chamados de Backs. Pelo Rio é possível navegar em charmosos barquinhos, no estilo gôndolas de Veneza – com direito à trânsito dos mesmos nos horários de pico turístico! -.

A Peterhouse é a mais antiga de todas as faculdades, inaugurada em 1284, a Robinson a mais recente, em 1979. A King’s College abriga uma capela incrível, que levou 90 anos para ser construída e a St John’s College abriga uma das pontes mais bonitas da cidade, a Ponte dos Suspiros, assim chamada pela sua semelhança com a Ponte dos Suspiros de Veneza.

Também por lá visitei o Fitzwilliam Museum, que, para minha euforia, abriga alguns lindos trabalhos dos impressionistas franceses – as esculturas de bailarinas de Degas são incríveis! –.

Enfim... Últimos dias em Londres... Que loucura esta sensação, é quase que a mesma da semana anterior à minha vinda para cá!

Ah, não poderia ir embora sem dizer que o dia de hoje é um dia muito especial para a família Salmazi: MEU SOBRINHO-AFILHADO (afilhadinho meu e do Rô) NASCE HOJE!!!!! Gabi, a tia-dinda não vê a hora de ver sua carinha!!!!!!!!!

Beijos, muitos!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Caos!

E quem diria, dois meses voaram pelos céus da terra da rainha. Agora já bate a angustia de tentar ver tudo o que ainda não foi visto em um curto período de tempo!

Londres encontra-se em pleno caos! A cidade está abarrotada de turistas por todos os cantos e, quem diria, eu, a também turista, estou um pouco irritada com tudo isso... De repente, você não consegue mais entrar no metrô que se há duas semanas já era lotado, imaginem em plenas férias de verão dos europeus e de inverno da galera aí da América do Sul. Mas o mais engraçado de tudo isso é que você, que já se vira muito melhor do que meses atrás, já consegue ajudar as pessoas a acharem os caminhos dos museus e estações.

Na escola a turma já está quase toda mudada. Os mais antigos já foram para casa ou acabam de ir e a idade dos recém-chegados é bem menor do que dos anteriores. Mas tenho gostado de conviver com o pessoal de 16, 17 anos (pois é, agora me sinto um pouco “velha”), cheio de sonhos universitários, e lembrar que nesta época meu inglês também era tão bom!!

Enfim, passeios!!! Conheci o Science Museum, que na real não é matéria que me instiga uma alucinada apreciação, mas é interessantíssimo. Séculos de muito desenvolvimento tecnológico e científico estão retratados ali, sempre muito bem contextualizados. A parte que mais gostei é a que fala dos avanços da medicina, principalmente no que se diz respeito ao estudo da mente. Foi lá então que descobri que até os seis anos de idade temos muito mais capacidade de dar início ao aprendizado de uma segunda língua – que isso facilita a habilidade com esta língua para o resto da vida –, o mesmo acontece com música quando se é aprendido a tocar um instrumento musical antes dos 13 anos.

Ah, e que apontar não é falta de educação, mas sim uma forma de comunicação, uma das primeiras maneiras que encontramos para nos comunicar com o mundo quando bebês. Aliás, bebês e crianças foram os que não faltaram pelos corredores do museu. Interagindo com tudo - até com as paredes!!! - e com todos – quase fui vítima de algumas rasteiras!.

Fim de semana não tão ensolarado, mas não muito chuvoso permitiu bons passeios adentro da cidade. Pensei em ir para Cambridge, mas quando vi a lista de coisas que ainda queria fazer por aqui, acabei desistindo. Fui até a St. Paul’s Cathedral, cujo primeiro projeto foi construído no ano de 604, e que hoje tem o segundo mais alto Domo do mundo, depois apenas do Domo de São Pedro, no Vaticano. A igreja é espetacular e a vista lá de cima é maravilhosa, principalmente por estar localizada próxima ao Rio Tamisa.

Saindo de lá fui para a Somerset House que abriga, entre outros, a Courtauld Institute of Art Gallery, uma galeria pequena e aconchegante repleta dos meus queridos impressionistas e pós-impressionistas – minha mais nova obsessão -, entre eles Monet, Manet, Renoir, Van Gogh e Gauguin. Saindo de lá, passeei pelo “formigueiro” de Convent Garden, quase me sentindo na 25 de Março, mas sem os ambulantes chatos gritando na rua, repleto de lojinhas e manifestações artísticas no Apple Market.

Domingão acordei cedo para ir à Tower of London. Com mais de 900 anos de história abrigou pessoas que foram aprisionadas e executadas por ameaçarem – ou supostamente -, a monarquia. A Torre, lógico, tem um tom sombrio – com famosos moradores: os corvos, que contam até com memorial! -, mas abriga uma coleção INCRÍVEL de jóias da coroa (Lele, entendi a alucinação por este luagr), repletas de diamantes e pedras absolutamente fascinantes.

Fico por aqui... Nesta semana recebo visita: Bruninho Andorinha chega na quarta! Welcome, baby!

See you!
beijocas

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Viva a Terrinha!


Se tem algo que acho que é uma das melhores coisas da vida é ser surpreendido positivamente, claro. Lisboa, certamente, foi um grande achado desta ousada viagem.

Já no avião senti o cheiro de minha Vó Cida na senhora sentada ao meu lado. Um cheiro de naftalina misturado a uma lavanda bem levinha. Lembrei-me de seu jeitinho de portuguesa e do bife batido à exaustão desde as 6 da manhã. Senti uma imensa saudade dela e da minha infância, como nunca havia sentido anteriormente.

Chego ao hotel e Eliza já me esperava de braços abertos com o Pedro, amigo delas de anos – sem nunca terem se visto, adorei fazer parte do encontro de vocês! -. Passeamos pelo famoso Bairro Alto, movimentadíssimo, cheio de cores e bons vinhos. O Bairro Alto fica no alto de uma colina e é todo de estreitas ruazinhas e charmosos e familiares restaurantes e bares.

Sexta foi dia de conhecer as bandas das ruínas do Castelo de São Jorge. Começamos pelo passeio na Rua Augusta, uma rua apenas de comércio e pedestres e lá na ponta, atravessando um imenso arco, a espetacular Praça do Comércio, área que abrigou o Palácio Real por 400 anos, antes instalado no Castelo de São Jorge que foi quase que absolutamente destruído no imenso terremoto ocorrido em Portugal em 1755, que destruiu quase que totalmente a parte baixa da cidade de Lisboa.

Hoje, os prédios abrigam escritórios administrativos. Esta Praça era a melhor porta de entrada para Lisboa, utilizada pela realeza e embaixadores, com uma escadaria de mármore saindo do Rio Tejo. Foi aqui também que aconteceu o primeiro levante para a Revolução dos Cravos em 1974, que pôs fim ao governo de Marcelo Caetano, sucesso do ditador Salazar.

Morro acima, sentido o bairro de Alfama, passamos pela Catedral da Sé, a deles, construída em 1150, com uma imponente fachada românica. E a subida não acabava nunca. Paramos para uma coca e, sem querer, escutamos um fado ao vivo. A subida continuava até que as ruínas do Castelo foram avistadas. A vista de lá é incrível. É possível ver a parte antiga e a parte mais moderna da cidade. Maravilhoso ver o Rio Tejo lá de cima!!

Como sempre, a descida é bem mais fácil e, seguindo as dicas da mãe da Liza, descemos pelas escadarias do bairro de Alfama onde, de fato, a “velha Lisboa insiste em virar o século 21 imutável”. O tempo, certamente, passa muito mais devagar por ali.

Já de volta para o Bairro da Baixa subimos pelo elevador de Santa Justa até o Bairro Alto a apenas alguns passos da Praça Luiz de Camões, onde encontra-se um dos mais antigos cafés de Lisboa, o A Brasileira, onde tomei um café ao lado de uma estátua de Fernando Pessoa – incrível! -.

Dia seguinte foi dia de Belém. De comboio chegamos aos pés da Torre de Belém. Ah como é incrível se ver naquele lugar, de onde partiam os navegadores que saiam em busca de novas rotas comerciais para o Oriente. Ali pertinho fica o Monumento aos Descobrimentos, às margens do Rio Tejo, construído em 1960 para celebrar os 500 anos da morte de Henrique, o Navegador, e em frente ao monumento uma grande bússola desenhada no chão com um mapa central no qual estão traçadas as rotas dos descobrimentos dos séculos 15 e 16.

Mais à frente, o Mosteiro de Jerônimos. Meu Deus! Certamente este é um dos lugares mais lindos que já vi em minha vida. Por fora é um deslumbre, por dentro, de arrepiar o corpo todo. A Igreja já é de quase chorar, mas o restante do Mosteiro é de tirar o fôlego. Vejo-me, em dado momento, em frente a um túmulo que me roubou lágrimas como se fosse de um velho e bom conhecido: Fernando Pessoa “está ali”. Assim como Vasco da Gama, Alexandre Herculano e reis.

Depois de tudo isso, merecíamos um verdadeiro Pastel de Belém, o lugar que deu nome àquele famoso docinho que comemos no Brasil sempre com este nome, mas que na verdade chama-se Pastel de Nata. É de comer rezando, posso garantir!

Liza foi-se embora no domingo de manhã – obrigada por tudo, querida! – e eu aproveitei para conhecer a cidade de Sintra. O tempo já não estava muito bom, muita neblina e até mesmo uma leve chuvinha, mas tinha que aproveitar o último dia. A cidade é uma graça e por lá, visitei o Palácio de Pena, onde viveram os últimos reis de Portugal, conservado absolutamente mobiliado, e o Castelo dos Mouros, datado do século oito, um lugar realmente surpreendente por sua grandiosidade e beleza.

Fascinante conhecer estes lugares tão ligados, apesar de todos os pesares, à história de nosso país. Fascinante conhecer a terra do impressionante Fernando Pessoa e do meu amado José Saramago. A gente acaba até se sentindo meio em casa. Aflorou minha sensibilidade e a minha fome por literatura.

Ufa. Sigo em frente em mais algumas semanas em terras londrinas! Mind the gap!

Beijo grande